Aula 4
DIMENSÕES DE CONHECIMENTO E O TRABALHO COM AS PRÁTICAS CORPORAIS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
A BNCC define oito dimensões de conhecimento que devem ser trabalhadas em todas as unidades temáticas.
Dimensões de conhecimentos definas na BNCC para a Educação Física
Implicações para o professor
Experimentação: dimensão que valoriza os conhecimentos só ser acessados pela vivência da linguagem corporal. A experimentação “de carne e osso” é que precisa fazer sentido para o sujeito, trazendo sensações positivas.
Ao tratar essa dimensão o(a) professor(a) se preocupa em proporcionar experiências adequadas às possibilidades e interesses dos e das estudantes, cuidando para que todos sejam incluídos e aprendam por meio da experimentação ativa, construindo movimentos de forma autoral e não apenas reproduzindo técnicas. Isso implica criar estratégias mais abertas de solução de problemas corporais, valorizando os processos subjetivos dos meninos e meninas. Por exemplo, se o(a) professor(a) está tematizando as danças de salão deverá criar vivências nas quais os e as estudantes possam vivenciar o ritmo, os passos de diferentes formas, buscando, em diálogo com as técnicas da dança, um modo próprio de se expressarem.
Uso e apropriação: envolve conhecimentos advindos do saber fazer que permitem a construção da autonomia na utilização práticas corporais agrega a capacidade de ajustar a experiência corporal a contextos nas atividades de lazer.
Essa dimensão chama atenção para o trabalho com as múltiplas formas de ajustar as vivências corporais a espaços, tempos e materiais. Por exemplo, se o(a) professor(a) está tematizando o futebol, deverá abordar saberes que permitem saber jogar de diferentes formas e não apenas com as regras oficiais do esporte.
Fruição: essa dimensão envolve conhecimentos que contribuam para que os estudantes possam realizar a apreciação estética e sensível das experiências corporais que são tematizadas no currículo escolar.
Trabalhar com essa dimensão implica chamar a atenção dos meninos e das meninas acerca dos sentimentos gerados nas práticas corporais, observar a estética dos próprios movimentos apreciando e fruindo, por exemplo, a estética de jogadas do basquetebol como a badeja, as fintas, as enterradas...
Reflexão sobre a ação: envolve o acesso dos alunos a observação e análise das vivências corporais. Envolve resolver desafios peculiares à prática realizada por meio de reflexões sobre como fazer.
Um exemplo de trabalho com essa dimensão é criar situações nas quais os e as estudantes analisam os próprios gestos e dos colegas. Por que, por exemplo, um time está obtendo mais sucesso em um jogo de queimada? Que sistema de organização está utilizando? Como está organizando o ataque e a defesa e porque essa forma de jogar está sendo mais eficiente?
Construção de valores: conhecimentos que permitem aos e as estudantes refletir sobre os valores veiculados e experimentados nas práticas corporais e seu enquadramento nos valores da sociedade democrática: respeito às diferenças e combate aos preconceitos e estereótipos presentes nas práticas corporais.
Ao tratar essa dimensão, o professor deve se preocupar em apoiar os e as estudantes a refletir e agir de forma ética durante as vivências corporais. Em uma brincadeira de pega-pega, por exemplo: o grupo está respeitando as regras? Elas podem ser modificadas para que todos se sintam incluídos? Conseguimos tocar o colega para pegá-lo de forma cuidadosa, sem machucar? Quando ganhamos um jogo, respeitamos a equipe contrária?
Análise: envolve o acesso a conceitos sobre as práticas corporais, conhecimentos que contribuem para a análise dos sentidos associados às práticas, acesso aos conhecimentos científicos que as embasam.
Essa dimensão envolve trabalhar, por exemplo, os esquemas táticos utilizados nas práticas esportivas, os conceitos de espaço e tempo de práticas da dança, os conhecimentos fisiológicos e biomecânicos que explicam porque determinadas técnicas corporais acabam sendo mais eficientes do que outras. É uma dimensão mais conceitual, do saber sobre as práticas.
Compreensão: conhecimentos da dimensão sociocultural das práticas corporais: aspectos históricos, culturais como o estudo das condições que permitem o surgimento de uma determinada prática corporal em uma dada região e época.
Um exemplo de tratamento dessa dimensão é abordar a forma como as práticas corporais são disseminadas na mídia. Porque algumas têm mais destaque do que outras? Porque, geralmente os esportes femininos têm menos espaços nos noticiários? Que relações isso tem com os papéis historicamente construídos das mulheres na sociedade? Que movimentos têm acontecido para mudar essa realizada? Como nos posicionamos frente a essa questão?
Protagonismo comunitário: aborda conhecimentos que permitem aos e as estudantes assumir o compromisso com a democratização do acesso às práticas corporais.
O trabalho com essa dimensão envolve conhecimentos sobre os direitos de acesso às práticas corporais, os mecanismos e instâncias de decisão sobre políticas de esporte e lazer, a organização de melhorias nos espaços da comunidade, os movimentos de reivindicação de melhores condições de esporte e lazer para a comunidade.
O documento da BNCC destaca que “não há nenhuma hierarquia entre essas dimensões, tampouco uma ordem necessária para o desenvolvimento do trabalho no âmbito didático. Cada uma delas exige diferentes abordagens e graus de complexidade para que se tornem relevantes e significativas. Considerando as características dos conhecimentos e das experiências próprias da Educação Física, é importante que cada dimensão seja sempre abordada de modo integrado com as outras, levando-se em conta sua natureza vivencial, experiencial e subjetiva. Assim, não é possível operar como se as dimensões pudessem ser tratadas de forma isolada ou sobreposta”.
Relembrando
Neste módulo você viu:
o currículo e as aulas de Educação Física precisam ser pensados a partir de suas contribuições para o desenvolvimento das competências gerais da BNCC.
Que os professores devem criar condições para que os alunos tenham oportunidade de aproveitar brincadeiras, jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura com o objetivo de apoiá-los a compreender suas origens culturais, os modos de aprender e ensinar essas práticas, condutas sociais, emoções, entre outros.
E que o importante é que os alunos possam compreender as práticas corporais no contexto cultural, por meio da experimentação, apropriação, uso e análise.
Parabéns!
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