Aula 3
Competências e habilidades nas aulas de educação física
A BNCC DEFINE COMPETÊNCIAS E HABILIDADES PARA A ÁREA DE LINGUAGENS. QUAIS SÃO AS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA?
Na área de Linguagens e suas Tecnologias, a Educação Física possibilita aos estudantes explorar o movimento e a gestualidade em práticas corporais de diferentes grupos culturais e analisar os discursos e os valores associados a elas, bem como os processos de negociação de sentidos que estão em jogo na sua apreciação e produção. Nesse sentido, estimula o desenvolvimento da curiosidade intelectual, da pesquisa e da capacidade de argumentação.
Vamos olhar para as competências da área de linguagens e refletir sobre aprendizagens específicas que as aulas de Educação Física precisam garantir:
COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS PARA O ENSINO MÉDIO
1. Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo.
Para contribuir com o desenvolvimento dessa competência, as aulas de Educação Física devem orientar os alunos a compreender o funcionamento da linguagem corporal nas dimensões fisiológicas, biomecânicas, expressivas, culturais e afetivas e suas implicações nos diferentes modos de o ser humano se envolver em práticas corporais, a presença dessas práticas no cotidiano, na pesquisa, na mídia, nas produções artísticas e na atuação na vida pública.
Exemplificando
Ao abordar as ginásticas de condicionamento físico, os professores devem trabalhar a observação dos movimentos e sua adequação tanto na expressão subjetiva como nas pesquisas sobre o funcionamento do corpo, da postura, dos impactos que cada movimento pode ter nas articulações, nos músculos, nos sistemas corporais.
Ao mesmo tempo, deve abordar as razões que levam as pessoas a se envolver em práticas de ginástica de condicionamento físico:
Estão buscando padrões de beleza impostos pela mídia?
Estão conscientes sobre os cuidados e benefícios que a prática pode trazer?
Se sentem realizadas e respeitadas em suas subjetividades quando praticam?
Respeitam e são respeitadas em suas singularidades?
Quem pode praticar ginástica?
Pessoas ricas e pobres tem o mesmo acesso a essas modalidades?
O que pensamos e falamos sobre ginástica revela nossas formas de conceber o ser humano e o corpo?
Como transformamos essas práticas em nossos projetos de vida?
2. Compreender os processos de identidade, conflitos e relações de poder que ocorrem nas práticas sociais de linguagem, respeitando as diversidades e a pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmente com base em princípios e valores propostos na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando o autoconhecimento, a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, combatendo preconceitos de qualquer natureza.
Para contribuir com o desenvolvimento dessa competência de área, as aulas de Educação Física devem orientar os alunos a refletir sobre os significados culturais das práticas corporais. Durante as vivências devem valorizar o respeito a diversidade de corpos, emoções e pensamentos de cada praticante, resolvendo conflitos pelo diálogo e pela cooperação.
Exemplificando
Nas aulas de futebol, o professor pode mostrar aos alunos a realidade da carreira de jogador de futebol, mostrando histórias de meninos e meninas que saem cedo de casa para tentar a carreira e acabam em clubes que não estimulam seu desenvolvimento, não garantem condições de moradia, alimentação e acompanhamento adequados. Que a grande maioria de jogadores de futebol no país recebe menos de um salário mínimo ou que o futebol feminino recebe menos recursos e as meninas ainda sofrem preconceitos de toda natureza para poder jogar. Dessa forma, o futebol vivenciado na escola deixa de ter um caráter de lazer ou de aprendizado técnico e passar a envolver o desenvolvimento integral e a cidadania dos alunos.
3. Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global.
Para contribuir com o desenvolvimento dessa competência, as aulas de Educação Física devem propor a construção subjetiva de gestos, evitando que os alunos simplesmente reproduzam os movimentos dos professores.
Os alunos aprendem movimentos pela imitação, pela observação dos gestos de outras pessoas e o professor pode e deve ser uma referência, mas não impor um único modo de realizar os movimentos, insistindo no jeito “certo”, mas mostrando que há diferentes formas executar e que cada praticante pode encontrar a sua forma de movimento.
Essa aprendizagem de movimento deve ser em ambientes que estimulem a colaboração entre os alunos, o respeito às diferenças, a troca de experiências.
Essa competência também propõe que o professor de Educação Física fale das questões ambientais presentes nas atividades como o consumo e descarte de materiais esportivos, o apelo ao consumo de produtos para a prática de esportes, os impactos ambientais de grandes eventos esportivos, o impacto das práticas corporais de aventura na natureza e outros temas relacionados à educação ambiental.
4. Compreender as línguas como fenômeno político, histórico, cultural, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo suas variedades e as vivenciando como formas de expressões de identidade, pessoais e coletivas, bem como agindo no enfrentamento de preconceitos de qualquer natureza.
Essa competência sugere usar da língua portuguesa e as línguas estrangeiras em situações das práticas corporais. A linguagem própria de cada exercício, a presença de expressões em língua estrangeira nos exercícios trazidas para o Brasil por imigrantes, os modos próprios de atletas conversarem, a narração de eventos esportivos e outros temas relacionados a língua e a linguagem corporal que podem ajudar em parcerias com os professores de inglês e de português.
5. Compreender os processos de produção e negociação de sentidos nas práticas corporais, reconhecendo-as e vivenciando-as como formas de expressão de valores e identidades, em uma perspectiva democrática e de respeito à diversidade.
Essa competência mostra contribuições específicas das aulas de Educação Física na área de linguagens para os alunos do Ensino Médio.
Exemplificando
Selecionar e utilizar movimentos corporais de forma consciente e intencional para interagir socialmente em práticas corporais, de modo a estabelecer relações construtivas, empáticas, éticas e de respeito às diferenças.
Analisar criticamente preconceitos, estereótipos e relações de poder presentes nas práticas corporais, adotando posicionamento contrário a qualquer manifestação de injustiça e desrespeito a direitos humanos e valores democráticos.
Vivenciar práticas corporais e relacionar com seu projeto de vida, como forma de autoconhecimento, autocuidado com o corpo e com a saúde, socialização e entretenimento.
6. Apreciar esteticamente as mais diversas produções artísticas e culturais, considerando suas características locais, regionais e globais, e mobilizar seus conhecimentos sobre as linguagens artísticas para dar significado e (re)construir produções autorais individuais e coletivas, exercendo protagonismo de maneira crítica e criativa, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas.
Nessa competência, os professores de Educação Física devem fazer parcerias com os professores de Arte trabalhando a dança, os jogos teatrais, o teatro, as atividades de expressão corporal para que os alunos tenham oportunidade de ampliar suas possibilidades de produção artística utilizando a linguagem corporal.
7. Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e coletivas, e de aprender a aprender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida pessoal e coletiva.
Nessa competência o professor de Educação Física deve ajudar os estudantes a:
- Compreender o impacto das tecnologias digitais da comunicação e da informação nas vivências corporais cotidianas e nos modos de produzir e disseminar cultura corporal.
- Mobilizar diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais em diferentes projetos autorais e processos produtivos de suas práticas corporais
- Utilizar novas tecnologias, com novas linguagens e modos de interação, para pesquisar, selecionar, compartilhar, posicionar-se e produzir sentidos sobre a cultura corporal.
Exemplificando
Visualização e produção de vídeos tutoriais sobre as práticas corporais.
Visualização e produção de ensaios fotográficos das práticas corporais vivenciadas.
Utilização de tecnologias digitais para avaliar e monitorar as práticas corporais como aplicativos de corrida, monitores de frequência cardíaca etc...
Discussões sobre o uso de tecnologias digitais para monitorar e auxiliar a arbitragem de eventos esportivos
Uso das tecnologias digitais no treinamento esportivo
Produção de conteúdo digital sobre as práticas corporais vivenciadas na escola.
SEU PROGRESSO NO CURSO