Segundo a BNCC, as brincadeiras e interações são eixos estruturantes do currículo de Educação Infantil, por isso, a Escola tem o papel de garantir espaço para a vivência lúdica em seu interior, fomentando a produção cultural das crianças.
Garantir espaços e tempos para o brincar significa oferecer às crianças momentos de liberdade para criar, escolher parceiros, materiais, espaços, decidindo o tempo de envolvimento na atividade, a mudança para outra atividade e a maneira de utilizar os objetos e espaços disponíveis na Escola (respeitando questões de segurança).
O papel mais importante do professor, nesses momentos, é observar, interagindo conforme as solicitações das crianças, ou para propor novos desafios, apoiar as crianças a solucioná-los.
As experiências de aprendizagem com corpo, gestos e movimentos têm íntima relação com o brincar, por isso boas práticas a partir da BNCC precisam incorporar o planejamento intencional de situações de aprendizagem dos espaços e tempos do brincar.
Na concepção da BNCC, o Brincar é um modo de expressão, desenvolvimento da inteligência e apropriação cultural.
Os jogos e brincadeiras possibilitam que as crianças aprendam de uma maneira estimulante e prazerosa e desenvolvam diferentes aspectos de seu desenvolvimento de forma integrada.
Quando uma criança aprende a explorar sua criatividade dentro da prática de jogos e brincadeiras, tende a aplicar tais habilidades a outras situações da vida.
Essa dimensão do currículo da Educação Infantil convida o olhar de toda a equipe escolar para as aprendizagens no campo de experiências corpo, gestos e movimentos nos momentos de brincadeiras, sempre com intencionalidade e mediação dos professores na organização do espaço, na oferta de materiais e na interação com as crianças.
Faz toda a diferença para as experiências de aprendizagem no campo de corpo, gestos e movimentos oferecer, nas atividades do parque e demais espaços amplos da escola, materiais diversificados da cultura corporal como bolas, petecas, brinquedos construídos com material reciclável, cordas, bambolês, caixas de papelão, carrinhos para puxar e empurrar, brinquedos da cultura tradicional, além da oferta de equipamentos estruturados que favoreçam a exploração de movimentos como balançar, escalar, equilibrar, saltar, saltitar etc...
Todo esse trabalho pode e deve estar integrado às propostas de atividades orientadas desenvolvidas pelo(a) professor(a).
Para promover boas práticas no campo de experiências corpo, gestos e movimentos a equipe escolar precisa olhar para os espaços de brincadeiras e pensar em intervenções que permitam:
Proporcionar variedade de movimentos, individualmente ou em cooperação, por exemplo, se a escola dispõe de um escorregador, que tal em alguns momentos amarrar uma corda e criar a possibilidade das crianças escalarem o equipamento pela rampa; se há um espaço vazio com um muro, é possível pintar alvos, pendurar objetos que instiguem as crianças a lançarem;
Propor estímulos perceptivos e não visar apenas ao desenvolvimento motor, um exemplo seria oferecer brinquedos com apelo visual e estético como cata-vento, bolinha de sabão, brinquedos sonoros com sinos e chocalhos, materiais com texturas e cores diferentes, atividades de pintura corporal.
Incorporar elementos para estimular a imaginação. Muitas das brincadeiras corporais nos espaços lúdicos integram o faz de conta. Os pequenos utilizam, por exemplo, uma mureta para se equilibrar imaginando que são super-heróis ou heroínas em perigo, correm para alcançar o vilão ou representam os príncipes e princesas se aventurando pelo espaço. Estudando o imenso valor que a atividade simbólica tem para o desenvolvimento da linguagem e do pensamento das crianças fica fácil perceber que a expressão corporal fornece fontes para a imaginação e a ela podem ser agregados adereços como tecidos, fantasias e objetos não estruturados que ampliem o estímulo ao faz de conta.
Segundo pesquisadores que estudam espaços lúdicos, a combinação de materiais com baixo realismo e estruturação (areia, madeira, cordas, pneus, tecidos, papel...) com materiais com alto realismo e estruturação (casa de brinquedo, modelo de carro, outros brinquedos fixos do parque...) possibilita envolvimento mais criativo e imaginativo para o brincar.
Todas as intervenções nos momentos e espaços destinados ao brincar precisam de planejamento docente a partir da BNCC: selecionar objetivos de aprendizagem a serem contemplados, contextualizá-los, detalhando o foco, escolha de estratégias (materiais, formas de mediação do(a) professor(a), organização das crianças).
Saiba Mais
Para conhecer mais, leia este interessante artigo, em que as autoras apresentam diferentes possibilidades de intervenção nos espaços lúdicos da Educação Infantil.
Brincadeiras e Jogos no Parque. Isabel Porto Filgueiras e Adriana Freyberger
Revista Avisa lá edição de janeiro de 2001.
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