Aula 2
O Planejamento Curricular no Ensino Fundamental – anos iniciais
A BNCC DEFINE AS HABILIDADES POR BLOCOS. QUE DECISÕES DEVEM SER TOMADAS PELOS CURRÍCULOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS E PELO PROFESSOR NO PLANEJAMENTO DAS APRENDIZAGENS ANO A ANO?
Para a Educação Física a BNCC define habilidades em blocos (primeiro e segundo anos, terceiro ao quinto anos, sexto e sétimo anos e oitavo e nono anos). A escolha desse formato de apresentação é justificada por oferecer maior flexibilidade à elaboração dos currículos.
Cumpre destacar que os critérios de organização das habilidades na BNCC (com a explicitação dos objetos de conhecimento aos quais se relacionam e do agrupamento desses objetos em unidades temáticas) expressam um arranjo possível (dentre outros). Portanto, os agrupamentos propostos não devem ser tomados como modelo obrigatório para o desenho dos currículos
No trecho acima observamos que o documento dá bastante abertura para a elaboração dos currículos, desde que se atenda o desenvolvimento do conjunto de habilidades previstas e os critérios de progressão do conhecimento.
Em princípio, todas as práticas corporais podem ser objeto do trabalho pedagógico em qualquer etapa e modalidade de ensino. Ainda assim, alguns critérios de progressão do conhecimento devem ser atendidos, tais como os elementos específicos das diferentes práticas corporais, as características dos sujeitos e os contextos de atuação, sinalizando tendências de organização dos conhecimentos.
Assim, os currículos estaduais e municipais e os professores devem definir os focos de trabalho de cada ano e selecionar objetos de conhecimento que serão tematizados nas práticas pedagógicas. (aprofundaremos mais essa conversa e traremos exemplos de escolhas que podem ser realizadas)
COMO O DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESTÁ ORGANIZADO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL?
As habilidades definidas na BNCC no componente Educação Física para os anos iniciais do ensino fundamental estão organizadas em blocos/ciclos. Habilidades que devem ser desenvolvidas no primeiro e segundo anos, e habilidades para o terceiro, quarto e quinto anos, nas unidades temáticas de brincadeiras e jogos, danças, lutas e esportes.
Nas unidades temáticas de brincadeiras e jogos, danças e lutas a progressão se dá em objetos de conhecimento conforme essas práticas corporais ocorrem socialmente (das esferas sociais mais familiares - localidade e região - às menos familiares - esferas nacional e mundial).
Na unidade temática das ginásticas trabalha-se a ginástica geral e na unidade de esportes a progressão acontece conforme a classificação dos esportes adotada na BNCC; esportes de marca e precisão no primeiro e segundo anos e esportes de rede/parede, campo/taco e de invasão no terceiro, quarto e quinto anos.
Os esportes de marca envolvem o “conjunto de modalidades que se caracterizam por comparar os resultados registrados em segundos, metros ou quilos (patinação de velocidade, todas as provas do atletismo, remo, ciclismo, levantamento de peso etc.)”
Os esportes de precisão reúnem o “conjunto de modalidades que se caracterizam por arremessar/lançar um objeto, procurando acertar um alvo específico, estático ou em movimento, comparando-se o número de tentativas empreendidas, a pontuação estabelecida em cada tentativa (maior ou menor do que a do adversário) ou a proximidade do objeto arremessado ao alvo (mais perto ou mais longe do que o adversário conseguiu deixar), como nos seguintes casos: bocha, curling, golfe, tiro com arco, tiro esportivo etc.”
Os esportes de rede/quadra envolvem o conjunto de “modalidades que se caracterizam por arremessar, lançar ou rebater a bola em direção a setores da quadra adversária nos quais o rival seja incapaz de devolvê-la da mesma forma ou que leve o adversário a cometer um erro dentro do período de tempo em que o objeto do jogo está em movimento. Alguns exemplos de esportes de rede são voleibol, vôlei de praia, tênis de campo, tênis de mesa, badminton e peteca. Já os esportes de parede incluem pelota basca, raquetebol, squash etc.”
Os esportes de campo e taco agregam “modalidades que se caracterizam por rebater a bola lançada pelo adversário o mais longe possível, para tentar percorrer o maior número de vezes as bases ou a maior distância possível entre as bases, enquanto os defensores não recuperam o controle da bola, e, assim, somar pontos (beisebol, críquete, softbol etc.).”
Os esportes de invasão ou territoriais agregam o “conjunto de modalidades que se caracterizam por comparar a capacidade de uma equipe introduzir ou levar uma bola (ou outro objeto) a uma meta ou setor da quadra/ campo defendida pelos adversários (gol, cesta, touchdown etc.), protegendo, simultaneamente, o próprio alvo, meta ou setor do campo (basquetebol, frisbee, futebol, futsal, futebol americano, handebol, hóquei sobre grama, polo aquático, rúgbi etc.).”
É importante ressaltar que nos anos iniciais todas essas práticas são ajustadas ao contexto escolar e vivenciadas de forma lúdica.
Se observarmos as habilidades, por exemplo para a unidade de jogos e brincadeiras, percebemos que, do primeiro e segundo anos, para o terceiro, quarto e quinto anos, além de novas práticas da cultura lúdica do Brasil e do mundo e das matrizes indígena e africanas os alunos deverão refletir sobre a importância desse patrimônio cultural para os povos que os criam e cultivam. Os alunos avançam para além de reconhecerem e respeitarem as diferenças, para criar formas de brincar incluindo todos.
OBJETOS DE CONHECIMENTO
UNIDADES TEMÁTICAS
1º E 2º ANOS
3º AO 5º ANO
Brincadeiras e jogos
Brincadeiras e jogos da cultura popular presentes no contexto comunitário e regional
Brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo
Brincadeiras e jogos de matriz indígena e africana
Esportes
Esportes de marca
Esportes de precisão
Esportes e campo e taco
Esportes de rede/parede
Esportes de invasão
Ginásticas
Ginástica geral
Ginástica geral
Danças
Danças do contexto comunitário e regional
Danças do Brasil e do mundo
Danças de matriz indígena e africana
Lutas
Lutas do contexto comunitário e regional
Lutas de matriz indígena e africana
Práticas corporais de aventura
Cabe ao currículo e ao professor decidir que habilidades do ciclo trabalhar em cada ano e que objetos de conhecimento serão foco, por exemplo, uma rede ou professor pode decidir pelos seguintes objetos de conhecimento no primeiro e segundo anos.
Primeiro ano
Segundo ano
Brincadeiras tradicionais das crianças, dos pais e avós.
Brincadeiras da cultura popular regional.
Atletismo (esporte de marca) – corridas e saltos
Boliche (esporte de precisão)
Atletismo (esporte de marca) – lançamentos e provas combinadas
Golfe (esporte de precisão)
Ginástica geral (habilidades básicas de solo)
Ginástica geral (habilidades com implementos)
Danças do contexto comunitário
Danças tradicionais brasileiras
Para exemplificar as aprendizagens em jogo nas aulas de Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental vamos ver as habilidades previstas do terceiro ao quinto anos na unidade temática de lutas.
(EF35EF13) Experimentar, fruir e recriar diferentes lutas presentes no contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana.
Experimentar e fruir jogos de lutas do contexto comunitário
Pesquisar lutas que são praticadas na comunidade.
Experimentar e fruir lutas de matriz indígena.
Experimentar e fruir a Capoeira.
(EF35EF14) Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas do contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana experimentadas, respeitando o colega como oponente e as normas de segurança.
Aprender movimentos básicos de ataque e defesa dos jogos de lutas comunitários.
Reconhecer a diversidade de gestos que caracterizam a lutas presentes nas práticas da comunidade.
Aprender as modalidades de lutas indígenas, suas regras e gestuais, e praticá-las com respeito aos colegas.
Aprender gestos e formas de expressão rítmica da capoeira.
Conhecer e respeitar a origem histórica da Capoeira.
Praticar os movimentos da Capoeira respeitando os colegas.
(EF35EF15) Identificar as características das lutas do contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana, reconhecendo as diferenças entre lutas e brigas e entre lutas e as demais práticas corporais.
Descrever as regras dos jogos de lutas, diferenciando-os das situações de briga.
Compreender o sentido das lutas indígenas para os povos que as criaram.
Praticar lutas indígenas respeitando os colegas.
Compreender as relações entre Capoeira e as questões raciais.
SEU PROGRESSO NO CURSO