O desenho da figura humana é formado a partir de peças coloridas de quebra-cabeça e palavras escritas sobre elas. Na cabeça, “Prática”. Na altura dos ombros, “Métodos”. No peito, à esquerda, “Valores”, à direita, “Saberes Profissionais”. E na altura da cintura, “Saberes Técnicos”.
O conhecimento técnico tem características próprias, com semelhanças e diferenças em relação ao conhecimento das outras ciências. Por assumir formas diferentes e ser muitas vezes incorporado pelo trabalhador de diferentes formas, como vimos, não sendo expresso necessariamente por meio de palavras, este conhecimento pode perder visibilidade e reconhecimento.
Alguns pensadores, contudo, buscaram colocar em palavras aquilo que não se limita a elas. Vamos lá, então.
Dissemos anteriormente que a técnica é um modo qualificado de intervenção no mundo e adjetiva do ser humano. Pois esta intervenção, este modo de agir, pode ser descrita como um processo (BARATO, 2004, 2008). O que significa isso?
Figura 06 - Fonte: Imagem produzida pela equipe gráfica do projeto
Como processo, a técnica envolve a realização material ou simbólica da intervenção (o que muitos chamam de “prática”), porém é constituída de diversas outras “camadas” ou aspectos: os métodos, os saberes técnicos e profissionais, teorias ou conceitos de diversas áreas e ciências (que servem como ferramentas para a intervenção), formas de comunicação, crenças, valores.
Enfim, pode-se incluir neste domínio de conhecimento todos os desdobramentos do ato técnico: o impacto social e ambiental do ato técnico, dimensões éticas, estéticas, entre outros (ALLAIN, GRUBER, WOLLINGER, 2019).
Assim, pode-se qualificar a técnica com estas dimensões “epistemológicas”, que envolvem aspectos metodológicos, conscientes, planejados, atravessados por uma cultura e uma linguagem própria. Mas a intervenção é sua finalidade - para produzir a existência, transformar o real, inovar...