Sequência de três imagens coloridas.
Dizer que somos seres “mergulhados” na técnica não seria suficiente. É mais do que isso...
Alguns filósofos do século 19 (como Marx e Engels) já diziam que o trabalho é condição fundamental do nosso ser. O filósofo brasileiro Álvaro Vieira Pinto, além de reconhecer o trabalho como um dos traços que melhor identifica nossa humanidade, vai colocar a técnica como fundamento do trabalho. Para ele, a técnica não é mais algo externo ao ser humano, como um objeto, mas sim um adjetivo que qualifica suas ações. A técnica não se confunde, então, com alguns de seus resultados - os produtos da técnica –, mas se expressa por meio deles.
Isso ocorre, em primeiro lugar, porque, diferentemente de outros animais, o ser humano precisa produzir sua existência pelo seu trabalho, e esta capacidade de intervir no mundo para produzir sua existência chama-se técnica (VIEIRA PINTO, 2005).
Mas também porque a própria consciência só pode existir como efeito desta intervenção. A técnica, neste sentido, elemento fundamental do trabalho e desta produção da existência, não tem só sentido econômico ou material, mas também perpassa a constituição de nossas identidades, nossas relações sociais, nossa cultura.
Homo “sapiens sapiens” e “homo faber” (que fabrica, que trabalha) nascem juntos, como um só, não só porque passou a fabricar coisas, a fazer coisas como instrumentos e a utilizá-los, mas também porque seus saberes, sua consciência, sua cognição e sua relação social se constituíram (e continuam se constituindo) por este fazer (SIGAUT, 2012).
Criam-se e utilizam-se, em todos as épocas e culturas, recursos e técnicas para produzir o alimento, a indumentária, a habitação, os remédios, também tudo aquilo que chamamos de arte e cultura: cinema, literatura, dança, música, etc.